Em
1577, Elizabeth estabeleceu um código de vestimenta para os membros da corte
através de um manuscrito que impunha aos seus componentes uma determinada forma
de se vestir, a fim de enquadrá-los na manutenção hierárquica da corte. Esta
manutenção hierárquica que pretendia enquadrar os indivíduos em um específico
ranqueamento social atuava sobre a vida de cada membro da corte. Assim, as
vestimentas utilizadas eram determinadas pelo título de nobreza de cada um.
De acordo com a lei, títulos de nobreza específicos
tinham tecidos específicos atribuídos de acordo com a hierarquia estabelecida
naquela sociedade. Desta forma, por exemplo, os únicos membros que poderiam
utilizar livremente tecido de lã eram duques, marqueses, condes e seus filhos.
Ainda assim, as cores adotadas eram determinadas pelo código e no caso destes
membros eram tons azuis mistos ao vermelho. Portanto, podemos perceber o grau
de normatividade que esta lei prescrevia aos membros da corte.
Como forma de diferenciação hierárquica, apenas a
rainha, o rei e os membros mais altos da classe aristocrática poderiam vestir seda
na cor roxa e utilizar tecidos dourados ou peles. Inclusive, os membros mais
importantes da corte foram os primeiros a adotar a lei estabelecida pelo código
de vestimenta da rainha a fim de servirem de exemplo para toda a sociedade.
É importante também compreender as motivações
implicadas na criação deste código de vestimenta, visto que a rainha possui
certas preocupações econômicas e políticas. Em contraste a sociedade capitalista
atual, este governo quinhentista recomendava explicitamente o uso econômico
equilibrado e parcimonioso,
uma vez que a rainha considerava extravagantes e desnecessários os gastos de
seus súditos com importação de roupas estrangeiras. Podemos, então, perceber
que esta preocupação na forma de governar fez com que a rainha tomasse certas
medidas, como o estabelecimento do código de vestimenta, que inclusive é
introduzido por um aviso contra o uso excessivo de vestuário.
Ao impor sua decisão soberana, a
rainha conseguiu conter os gastos abundantes e ainda estabeleceu um sistema de
distinção entre os diferentes estratos da sociedade de corte, com pena de multa
para quem a desobedecesse. Logo, percebemos que a partir da postulação de leis,
como o código de vestimenta, e outras estratégias políticas tornavam seu comando
legítimo do ponto de vista de uma soberania. Como autoridade suprema, a rainha precisava expressar controle
e confiança de seu povo e de seu território, assim como foi feito no
Discurso de Tilbury que discutiremos posteriormente.
Autor desconhecido
Pintado por volta de 1600, o retrato relata a coroação de Elizabeth I. Esta obra não possui um autor conhecido mas seria uma cópia de um original agora perdido. Elizabeth I subiu ao trono da Inglaterra em 1558, e foi coroada em 1559 com vinte e seis anos. A Rainha usava seus cabelos soltos sobre os ombros, como era típico de uma rainha em sua coroação. Os robes dourados de coroação é feito em arminho, pele que o código de vestimenta ditava que era para ser usada somente pela realeza. Elizabeth tem sua vestimenta decorada com rosas Tudor e flor-delis
Manuscrito do código de vestimenta da corte, 1577.
1585, por Nicholas Hilliard
Esta pintura foi feita pouco antes expedição do conde de Leicester para os países baixos. Uma das interpretações desta imagem é que a companhia de um arminho era símbolo de realeza, assim como o uso da majestosa coroa, das cores escuras com dourado e das famosas jóias conhecidas como ''Three Brother's jewel'' - uma joia preciosa composta por três diamantes.
Referências:
Manuscrito e transcrição do código de vestimenta:
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